terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A tragédia do álcool

Encontrei este texto no site da rpc, e achei muito bom. Pense a respeito.

Poucos são os que compreendem de modo claro a tragédia humana produzida pelo consumo de bebidas alcoólicas. Em nosso país as carteiras de cigarro ostentam fotos de doentes terminais e frases como “fumar pode causar doenças do coração e derrame cerebral”. Por outro lado e, de modo quase hipócrita, as garrafas de bebidas alcoólicas vêm acompanhadas de comentários como “aprecie com moderação”. Por que essas garrafas não trazem fotos de vítimas de acidentes causados por motoristas embriagados?

Ao contrário do que muitos acreditam, a tragédia do álcool se estende muito além dos cerca de 10 milhões de alcoólatras no Brasil. Dos demais 180 milhões de brasileiros a maciça maioria bebe; alguns um pouco, outros bastante. Muitos não dependentes se embriagam com frequência

O álcool afeta de modo grave a autocrítica. Assim, sob efeito dessa droga, perde-se grande parte da capacidade de discernimento e tomam-se decisões estúpidas como assassinar alguém, aceitar uma carona suspeita ou dirigir a 190 km/h dentro da cidade. Sim, sob efeito do álcool as pessoas fazem tudo isso e muito mais.

Qual é a minha proposta? Mantenha distância do álcool, simplesmente não consuma bebida alcoólica nenhuma e isso inclui a cervejinha. Radicalismo de minha parte, alguns dirão. Mas eu vou dizer a você amigo o que eu penso que é radical.

Radical é ver diariamente pessoas serem dilaceradas porque inconsequentes se embriagaram antes de dirigir. Radical é ver dois jovens de 20 e 26 anos, em minha cidade, terem suas vidas ceifadas em tão tenra idade por um motorista alcoolizado. Radical é ver as vidas de quatro pessoas serem eliminadas na esquina da rua de meus pais por outro motorista que se recusou a fazer o teste do bafômetro. Radical são 35 mil mortos por ano no trânsito brasileiro. Metade dessas pessoas foi morta pela vulgar cachaça, pelo “elegante” vinho ou pela “inocente” cervejinha consumidas pelo inconsequente motorista. Então meu amigo? Será a minha proposta de defesa da vida radical?

É inconcebível que se permita a venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina. É inconcebível que em uma festa de escola sirva-se álcool aos professores. Eu sempre pensei assim? Não. Quando jovem consumi e presenteei pessoas com álcool. Mas percebo hoje a gravidade de meu erro. A tragédia do álcool é profunda na vida de suas vítimas e extensa por envolver literalmente dezenas de milhares de pessoas anualmente. Essa tragédia não envolve apenas o trânsito, mas a violência nas ruas e nas casas, as doenças causadas pelo álcool e a redução de produtividade.

Sensibilizar as pessoas para a terrível ameaça, dor e destruição causada pelo álcool não é fácil. Em nosso país, como em quase todo o mundo, é cultural beber. As pessoas acham isto natural e até bonito.

A indústria de bebidas gera empregos, divisas e riquezas para o país, isso é inegável. Mas, se vamos falar em economia, façamos as contas de quanto essa droga nos custa em destruição de veículos, tratamentos caríssimos para as dezenas de milhares de feridos, redução da força de trabalho pela morte de dezenas de milhares de pessoas em idade produtiva, redução de produtividade no trabalho, absenteísmo nas empresas porque o trabalhador estava de ressaca e um sem fim de outros prejuízos. Não é preciso ser economista ou gênio da matemática para concluir que o álcool nos custa muito caro.

Quanto aos empresários e pessoas envolvidas nessa indústria, é preciso que compreendam que seu negócio mata pessoas diariamente. Vale a pena? Sim, o vinho tinto em doses moderadas é bom para o coração, mas o exercício físico e o suco de uva também são. É evidente que o álcool tem aspectos positivos, mas e daí, a guerra também tem. O importante a considerar é que o saldo é negativo, em ambos os casos.

Consumir álcool é quase tão estúpido quanto fazer guerra. Ambos matam e destroem. E o que eu e você podemos fazer por um mundo mais consciente, mais sóbrio, mais seguro? Comece pelo exemplo. Não beba! Vamos compartilhar a vida de cara limpa, sóbrios e conscientes de nosso papel como agentes de um amanhã melhor.

Alan Sant’Anna é escritor, palestrante e consultor, autor dos livros Disciplina: O caminho da vitória e Equilíbrio em um mundo difícil. Contato: conexao.consult@terra.com.br

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